Dentro desse grupo de gliomas os dois principais representantes são o astrocitoma pilocítico (Grau I) e o astrocitoma difuso (Grau II). Os astrocitomas pilocíticos serão abordados dentro da neurocirurgia pediátrica uma vez que são mais frequentes em crianças compreendendo os tumores que afetam o compartimento infra-tentorial. Os astrocitomas difusos por sua vez correspondem a 15% dos tumores primários em adultos jovens. Esses tumores têm uma discreta predileção pelo sexo masculino e têm um pico de incidência na terceira e quarta décadas de vida, com uma idade média de apresentação aos 35 anos.
Tipicamente se originam nos lobos cerebrais, sendo mais comum o lobo frontal, seguido do temporal, e parietal. 50 a 80% dos pacientes se apresentam com crise convulsiva na sua primeira manifestação clínica, no entanto, outros sintomas podem estar presentem a depender do local de acometimento e do volume tumoral, podendo apresentar sinais de hipertensão intracraniana (cefaléia, vômitos e papiledema) no caso de tumores volumosos ou até mesmo déficits neurológicos focais no caso de tumroes que afetam a área motora, da fala, ou da visão.
O diagnóstico desses tumores pode ser feitos através de uma investigação para sintomatologia neurológica referida pelo paciente ou ser incidental, por exemplo, paciente que realizou tomografia ou ressonância de crânio por outros motivos e acabam descobrindo esse tumor. Na tomografia, esses tumores tendem a se apresentar de forma hipo/isointensa com eifeito de massa e sem realce ao contraste. A ressonância magnética é o melhor método para diagnosticar e delinear detalhadamente a lesão, nesse método os gliomas de baixo grau se apresentam nas sequências de T1 com hipo/iso sinal, hipersinal em T2 e flair e não apresentam realce no meio de contraste - gadolíneo.
Com o diagnóstico, mesmo que incidental, impõe-se uma proposta terapêutica. Num passado recente havia dúvida quanto a necessidade de abordagem cirúrgica para essas lesões dada a "benignidade" do tumor, no entanto, estudos de história natural dos gliomas de baixo grau demonstraram que esses tumores tendem a progredir para gliomas de alto grau, portanto a cirurgia ao diagnóstico seria uma forma de atrasar essa evolução. A cirurgia nesses tumores deve preservar alguns aspectos para que possa proporcionar um aumento da sobrevida e qualidade de vida para o paciente, nesse sentido idealmente deve-se realizar remoção total do tumor ou maior que 90% com o máximo de segurança para evitar acréscimo de morbidade (sequelas neurológicas), para obter tal resultado muitas vezes é necessário técnicas modernas associadas a microcirurgia como monitorização eletrofisiológica (cirurgia com paciente acordado), e utilização de ressonância intra-operatória para controle intra-operatório do resídio tumoral.
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