De modo geral, metástase é definida como a disseminação de um câncer para outros órgãos do corpo através da via linfática ou hematogênica, sendo esta última a principal via de disseminação para o sistema nervoso central (SNC). As metástases para SNC são 10 vezes mais frequentes que os tumores primários, acredita-se que 20% a 40% dos pacientes com câncer vão apresentar metástases para o SNC, isso se deve parcialmente pela melhora do tratamento desses pacientes que passam a ter mais sobrevida e consequentemente maior chance de disseminação do câncer para outros órgãos incluindo o cérebro. Os sítios primários de câncer que mais disseminam para o SNC são pulmão 30%-60%, mama 10%-20%, melanoma 10%-21%, rim, estômago e intestino. De modo geral, as lesões metástaticas se distribuem pricipalmente no compartimento supratentorial correspondendo a 80%, sendo os outros 5% no tronco encefálico e 15% no cerebelo.
Assim como os gliomas, as metástase podem se apresentar com crise convulsiva, déficit motor, cefaléia de início recente, hipertensão intracraniana nos casos de lesões volumosas.
O diagnóstico pode ser feito através de tomografia computadorizada de crânio, na qual identifica-se uma ou mais lesões iso ou hipodensas com eifeito de massa e captação heterogênea ao contraste. A ressonância de crânio é o melhor exame para detalhar e definir uma lesão metastática. Outro dado interessante é que até 50% da lesões únicas na tomografia, na verdade, são múltiplas quando se compara com a ressonância, ou seja, a ressonância tem maior sensibilidade para o diagnóstico de lesões metastáticas.
O rápido desenvolvimento de terapias multimodais tem gerado controvérsia no tratamento destas lesões. A heterogeneidade de lesões e dos doentes causam dificuldade em conduta universal, sendo imperativo o manejo multidisciplinar com a presença do neurocirurgião, do oncologista, do radioterapeuta, do fisioterapeuta e do terapeuta ocupacional. A conduta deve ser baseada a partir de alguns dados relevantes que impactam na sobrevida dos pacientes como idade (>65 anos pior prognóstico), status funcional do paciente (KPS<70 pior prognóstico ou seja doente dependente para realização de tarefas do dia-a-dia), número de metastáses (>1 pior prognóstico), controle da doença sistêmica (pior prognóstico se descontrolada). Em geral, está indicada cirurgia para os pacientes com lesão única ressecável, doença sistêmica controlada, status funcional bom, ou seja, independentes para realização de tarefas do dia-a-dia, função neurológica intacta e ausência de invasão leptomeníngea. Está absolutamente indicada a cirurgia nos pacientes que apresentam lesões volumosas com grande efeito de massa causando hipertensão intracraniana ou hidrocefalia, que apresentam crises convulsivas refratárias ao tratamento medicamentoso, pacientes com lesõe cerebelares causando compressão do tronco encefálico e hidrocefalia obstrutiva.
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