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  • Foto do escritorDr. Marcos Devanir

Síndrome do túnel do carpo. Entenda essa doença

Atualizado: 20 de mar. de 2018

 

O túnel do carpo é um espaço osteofibroso inelástico por onde passam o nervo mediano e os tendões dos flexores superficiais e profundos dos dedos. O nervo mediano dá sensibilidade do 1o, 2o e 3o dedos. A síndrome do túnel do carpo (STC) é uma neuropatia de compressão que acomete o nervo mediano na altura do punho. É a síndrome compressiva mais comum e acomete 5% da população, é mais prevalente no sexo feminino na proporção 4:1 e atinge sobretudo adultos de meia-idade.

A compressão do nervo mediano acarreta progressivamente problemas na microcirculação sanguínea intraneural, lesões na bainha de mielina e no axônio e alterações no tecido conjuntivo de suporte. Em grande parte dos casos não é possível identificar a causa ou fatores de risco associados a essa síndrome, sendo denominada síndrome do carpo idiopática, atribuída a uma hipertrofia sinovial dos tendões flexores decorrente de degeneração do tecido conectivo, esclerose vascular e edema. As causas secundárias mais comuns estão relacionadas a:​

  • Atividades manuais e repetitivas de mãos ou punhos

  • Obesidade

  • Tabagismo

  • Trauma local, luxação do carpo

  • Gravidez

  • Mieloma múltiplo

  • Artrose, artrite inflamatória

  • Diabetes mellitus

  • Hipotiroidismo

  • Trombose de artéria mediana

  • Hematomas ou hemorragias do ligamento transverso​

     Os sinais e sintomas clínicos mais frequentes da STC são: dor, que pode ter irradiação para braço e ombro, parestesias (formigamento e dormência) no território de sensibilidade do nervo mediano (polegar, dedo indicador e médio e face radial do dedo anular), frequentemente com piora noturna dos sintomas e fraqueza da mão acometida, que pode vir associada a hipotrofia da musculatura tenar. Além dos sintomas característicos, alguns testes de provocação no exame físico podem auxiliar no diagnóstico. São eles:​

  • Sinal de Tinel: é positivo quando ocorre parestesia ou dor durante a percussão do punho no nível do nervo mediano. Esse teste é positivo em 60% dos casos, apesar de presente em outras condições.

  • Sinal de Phalen: é positivo se ocorre formigamento ou dor ao fletir o punho durante um minuto com os cotovelos estendidos.  

  • Teste de Paley e McMurphy: o sinal é positivo se ocorrer dor ou parestesia ao pressionar o nervo mediano entre 1 cm e 2 cm proximais da dobra de flexão do punho.  ​

     A eletroneuromiografia ajuda na confirmação do diagnóstico e na diferenciação por outras causas e os exames de imagem podem indicar se há suspeita de lesões ocasionando efeito de massa. É importante excluir outros diagnósticos com sintomatologia semelhante como radiculopatias cervicais, síndrome do desfiladeiro torácico, síndrome do pronador redondo, síndrome de De Quervain e tenossinovites.

     O tratamento da STC pode ser conservador ou cirúrgico. O tratamento conservador é reservado para os casos iniciais e mais brandos e engloba medidas como repouso com imobilização em posição neutra do punho (uso de talas) que podem aliviar os sintomas em mais de 80% e injeções locais de corticóides, com respostas semelhantes no alívio dos sintomas. Medicações como diuréticos, antiinflamatórios e vitamina B6 não trazem benefício aos pacientes com STC durante curto tempo de tratamento. O tratamento cirúrgico objetiva a secção completa do ligamento transverso do carpo, pode ser realizada pela técnica aberta clássica e as técnicas endoscópicas. A principal vantagem da técnica endoscópica é a rápida recuperação, permitindo o paciente retornar precocemente as suas atividades. As evidências atuais apontam melhores resultados com o tratamento cirúrgico quando comparado com o tratamento conservador. As principais complicações relacionadas a cirurgia são a lesão de nervos, cicatriz cirúrgica hipertrófica e distrofia simpática reflexa, com prevalências semelhantes nas duas técnicas.



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