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Foto do escritorDr. Marcos Devanir

Espasmo Hemifacial

Atualizado: 21 de ago. de 2023


O que é Espasmo Hemifacial?


O espasmo hemifacial, também conhecido como “tique convulsivo”, é uma condição que causa “tiques” ou espasmos musculares frequentes em um lado da face. Esses tiques geralmente não são dolorosos, embora possam ser desconfortáveis ​​e causar uma alteração momentânea na expressão facial. Geralmente não representam risco de vida. Mas eles são angustiantes para o paciente e, à medida que a condição piora, os tiques podem se tornar cada vez mais frequentes, alguns casos podem apresentar diversos espasmos numa mesma hora (20 ou mais). O espasmo hemifacial pode afetar homens e mulheres, mas é mais comum em mulheres de meia-idade e idosas.



O espasmo hemifacial é um distúrbio neuromuscular – o que significa que a fonte do distúrbio é um nervo, mas a manifestação é o espasmo, que é uma contração muscular. Os pacientes geralmente notam primeiro uma contração intermitente do músculo palpebral, que pode fechar o olho, muitas vezes o primeiro diagnóstico que o paciente recebe é de blefaroespasmo (que é esse fechamento da pálpebra). À medida que o distúrbio progride, os pacientes podem relatar espasmos nos músculos da parte inferior da face, o que pode fazer com que a boca seja puxada para um lado. Se não for tratado, o espasmo hemifacial pode afetar todos os músculos de um lado da face, em um estado quase contínuo de contração. O espasmo hemifacial normalmente ocorre em apenas um lado da face (hemi- significa metade), mas em raras situações ambos os lados da face podem estar envolvidos envolvidos.


O que causa o Espasmo Hemifacial?


O espasmo hemifacial é causado por qualquer um de vários possíveis irritantes de um nervo facial, algo muito semelhante a outra condição chamada de Neuralgia do Trigêmio. A neuralgia do trigêmeo é um distúrbio do quinto nervo craniano, enquanto o espasmo hemifacial é centrado no sétimo nervo craniano. O espasmo hemifacial é mais comumente causado por um pequeno vaso sanguíneo (geralmente uma artéria) comprimindo o nervo facial no tronco cerebral. Em casos raros, pode ser causada por uma lesão do nervo, por uma malformação vascular, por esclerose múltipla ou por um tumor benigno ou outro tipo de lesão que pressiona o nervo.



Como diagnosticar o Espasmo Hemifacial?


O diagnóstico se inicia com a suspeita clínica, ou seja, o paciente procura um neurologista ou neurocirurgião que identifica os sinais e sintomas que caracterizam um espasmo hemifacial, a partir desde momento um exame de imagem é necessário para pode identificar a causa do espasmo. O melhor exame para detectar as possíveis causas do espasmo hemifacial é a Ressonância Magnética de Crânio, esse exame vai permitir ao neurocirurgião identificar qual a possível etiologia (causa) dos espasmos. Com esse exame, é possível entender se existe algum tumor, alguma malformação vascular, se pode ser uma doença desmielinizante ou se de fato é um conflito vascular, ou seja, é uma artéria que está tocando o nervo na sua saída aparente no tronco encefálico. Essa etapa da investigação é super importante porque é depois dela que o tratamento adequado poderá ser instituído.


Como tratar o Espasmo Hemifacial?


Primeiro, como discutimos mais acima, é necessário um diagnóstico preciso. Com o diagnóstico bem claro é, então possível, determinar o tipo de tratamento. Vamos pensar que num determinado paciente a causa do Espasmo Hemifacial é um tumor que está comprimindo o nervo facial, nesse caso, então o tratamento poderá ser a remoção do tumor. Por outro lado, vamos imaginar que a causa seja uma doença desmielinizante, nesses casos o tratamento não é cirurgia, mas sim medicamentos específicos prescritos por um neurologista. E agora vamos pensar na causa mais comum, o conflito neuro-vascular, ou seja, uma artéria que está comprimindo o nervo, nesses casos há dois grandes grupos de tratamento. O primeiro deles é com uso de toxina botulínica, que é usado para bloquear a contração dos músculos da face, que no caso do Espasmo Hemifacial, estão contraindo de forma involuntária. Esse, em geral, é o primeiro tratamento a ser instituído e deve ser realizado por profissional com experiência na aplicação da toxina, normalmente neurologistas ou fisiatras. A toxina botulínica, em geral, tem um efeito muito bom, tem a vantagem de ser pouco invasivo, mas possui um efeito temporário e deve ser repetido com uma certa periodicidade, além disso, com o passar do tempo o efeito vai sendo cada vez mais reduzido. O segundo grupo de tratamento é a cirurgia de descompressão do microvascular.


Como funciona a Cirurgia de Descompressão Microvascular?


No procedimento chamado descompressão microvascular, um neurocirurgião afasta o vaso sanguíneo do nervo que está sendo comprimido e insere uma pequena almofada entre o vaso e o nervo para aliviar a pressão. Ao contrário das injeções de toxina botulínica (injeções de Botox), a cirurgia para espasmo hemifacial pode ser eficaz em 85% dos casos e é uma solução permanente que leva ao alívio duradouro dos sintomas.


O objetivo desse procedimento cirúrgico é reposicionar a artéria que irrita o nervo ao sair do tronco encefálico, interrompendo os espasmos em sua origem. A descompressão microvascular é um tipo de microcirurgia que deve ser realizada por um neurocirurgião experiente.


Como é Realizada a Cirurgia de Descompressão Microvascular?


Essa cirurgia é realizada sob anestesia geral e com monitorização dos nervos cranianos. Nesse procedimento o neurocirurgião faz uma pequena incisão atrás da orelha e depois uma pequena abertura (cerca de um centímetro) no crânio. Isso permite que o cirurgião veja o pequeno vaso sanguíneo que está pressionando o nervo facial. Uma vez que o cirurgião localiza o local da compressão, o vaso sanguíneo é afastado do nervo.


O cirurgião insere uma pequena almofada no nervo para evitar mais contato com o vaso sanguíneo e, em seguida, fecha a incisão. É muito importante que um cirurgião experiente realize este procedimento - muitas vezes há mais de um vaso sanguíneo pressionando o nervo e é importante localizar e reparar todos eles para interromper os espasmos.


Como é a recuperação pós-operatória na Cirurgia de Descompressão Microvascular?


A recuperação desse procedimento é breve - a maioria dos pacientes pode receber alta hospitalar dois ou três dias após a cirurgia. A maioria dos pacientes experimenta um fim dos tiques imediatamente, embora alguns indivíduos apresentem uma diminuição dos sintomas ao longo de uma semana ou mais antes que os espasmos parem completamente. Normalmente, esperamos até 12 meses após a cirurgia para fazer o julgamento final do resultado do tratamento com a cirurgia. A maioria dos pacientes que tem esse procedimento realizado por um neurocirurgião qualificado não apresenta mais tiques faciais e não requer mais medicamentos.



Quais as possíveis complicações do Procedimento?


Alguns pacientes podem relatar leve fraqueza facial após a cirurgia, mas é invariavelmente temporária. As complicações sérias da cirurgia do espasmo hemifacial são raras, com alguma perda auditiva leve ou permanente no lado afetado relatada em um pequeno número de pacientes. Os sintomas raramente retornam quando a cirurgia é realizada por um neurocirurgião experiente e especialista em espasmo hemifacial, tornando a escolha do cirurgião extremamente importante. A descompressão microvascular é um procedimento muito seguro e com histórico de bons resultados quando realizado por um neurocirurgião qualificado.

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