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  • Foto do escritorDr. Marcos Devanir

Meningiomas

Meningiomas são tumores primários do sistema nervoso central que se originam das meninges (membranas localizadas entre o osso do crânio e o cérebro, protegendo-o), mais especificamente das células da camada aracnoide. Juntamente com os gliomas disputam o posto da neoplasia primária mais prevalente no sistema nervoso central.  Em geral são tumores ditos benignos de crescimento lento e possuem 3 tipos de estratificação histológica pela OMS (Organização Mundial de Saúde) graus I (benignos), II (atípicos) e III (anaplásicos). Felizmente 90% dos menigiomas são grau I, ou seja, benignos.

   Meningiomas são responsáveis por 15-20% dos tumores primários do sistema nervoso central, atingem seu pico de incidência na quinta década de vida, tem uma predileção pelo sexo feminino numa proporção estimada 2 mulheres para 1 homem. Além disso são mais frequentemente encontrados em pacientes com neurofibromatose e raramente encontrados em crianças.

    Esses tumores podem se apresentar clinicamente de diversas formas e inclusive de forma assintomática.  Os meningiomas assintomáticos em geral são descobertos a partir de exames solicitados para investigar outra condição clínica e acabam revelando a presença dessa lesão. Nesse contexto alguns estudos apontam que até 39% dos meningiomas diagnosticados por ressonância magnética eram assintomáticos.

    No que se refere a apresentação clínica topográfica, ou seja, o local de onde se originam, tal caracrterística representa papel importante. Nesse contexto, os meningiomas de convexidade correspondem a 35%  desses tumores e se manifestam mais comumente através de cefaleia progressiva, crises convulsivas,  efeitos compressivos no córtex cerebral que pode causar, por exemplo, déficit motor se o tumor se localizar na convexidade adjacente ao córtex motor primário. Já os meningiomas que crescem no sulco olfativo, ou goteira olfatória, no compartimento anterior da base do crânio correspondem a 9,8% e podem apresentar-se com alterações no estado mental, incontinência urinária, perda de memória, crises convulsivas e Síndrome de Foster-Kennedy ( anosmia, atrofia de papila óptica do mesmo lado do tumor e papiledema no lado contra-lateral representando hipertensão intracraniana). Os meningiomas parassagitais correspondem a 20%  e podem apresentar-se com cefaléia, crises convulsivas, fraqueza contralateral e alterações do estado mental. Outras localizações menos frequentes e seus respectivos sintomas são: meningiomas do tubérculo selar – perda visual, meningiomas do forame magno – tetraparesia (perda de força nos braços e pernas), menigiomas do angulo-pontocerebelar -  dor e/ou paralisia facial e perda de audição, etc.

    Esses tumores são descobertos ou diagnosticados através da realização de um exame de imagem, em geral, tomografia computadorizada ou ressonância magnética do crânio. A partir desses exames é possível identificar sinais que sugerem a natureza extra-axial e avidez por realce aos meios de contraste, característicos dos meningiomas, além disso permitem  a mensuração do tamanho da lesão e no caso da ressonância, exame que traz mais detalhes pode mostrar presença ou não de edema adjacente, sugerindo algum grau de invasividade da lesão ou compressão venosa.

  Após realizado o diagnóstico vem a difícil tarefa de decidir pelo tratamento. De maneira geral, existem 3 formas de tratamento que podem se combinar. A primeira delas é o seguimento clínico com exames seriados, sendo essa modalidade reservada para tumores pequenos e assintomáticos ou tumores pequenos poucos sintomáticos localizados em região cujo tratamento cirúrgico ou radioterápico poderá trazer mais sequelas que o seguimento clínico; quando opta-se por tratamento que chamamos conservador é importante lembrar que se faz necessário seguimento frequente com exames de imagem para surpreender um possível crescimento do tumor o que poderia mudar a proposta terapêutica.

    Outra forma de tratamento é a cirurgia normalmente indicada para tumores maiores e sintomáticos, cujo acesso se faz através de uma craniotomia e a remoção da lesão com uso de microscópio cirúrgico promovendo magnificação das estruturas. A cirurgia tem como objetivo trazer alívio dos sintomas, resseção da lesão por completo, idealmente, e diagnóstico histológico da lesão para caracterização do grau da OMS.

    Por fim temos o tratamento baseado em radiação que pode ser a radioterapia convencional no caso de resíduos tumorais pós-cirúrgicos de meningiomas atípicos ou anaplásicos ou a radiocirurgia que pode ser tratamento primário para tumores pequenos cuja a abordagem cirúrgica poderia trazer algum grau de sequela neurológica. Independentemente do tipo de tratamento escolhido os pacientes com diagnóstico de meningioma precisam ter seguimento regular com seu médico assistente, pois apesar de caracteristicamente benignos, esses tumores apresentam chance de recorrência, ou seja, chance de crescerem novamente.


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