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  • Foto do escritorDr. Marcos Devanir

Plagiocefalia Postural (Posicional)



A plagiocefalia posicional (deformacional ou postural) apresentou um grande aumento no diagnóstico e também nos casos após 1994, quando a Academia Americana de Pediátrica passou a recomendar que todos os bebês deveriam passar a dormir em posição supina, ou seja, de barriga para cima. Essa recomendação foi embasada na evidência de que bebês que dormiam em posição prona, ou seja, de barriga para baixo ou de lado tinham maior risco de morte súbita. Então, devido ao potencial risco apresentado por dormir em posição prona, muitas famílias que tiveram acesso a essa informação passaram a deixar seus bebês dormirem de posição supina exclusivamente.

Associado a essa mudança de hábito passou-se a ter um fator de limitação focal do crescimento do crânio. O que ocorre é que o colchão promove resistência ao crescimento do crânio na região posterior, bilateral ou unilateral. Nesse tipo de plagiocefalia deformacional o crânio se molda num formato de paralelograma, porque o lado em que a cabeça mais fica apoiada, começa a ficar achatado na parte posterior, mas fica abaulado na fronte (testa), e o outro lado há uma compensação com abaulamento occipital, associado a isso ocorre um avanço do pavilhão auditivo anteriormente do mesmo lado onde ocorre o apoio no colchão.

Essa deformidade do crânio pode afetar até 50% dos bebês prematuros e 10 a 20% dos bebês de termo, ou seja, que nascem na idade certa. Logo no começo da década de 90 quando os médicos ainda não estavam alertas para o fato que a deformidade acontecia por uma restrição física do crescimento bebê e não por fechamento prematuro de sutura, muitas cirurgias foram feitas desnecessariamente, e o principal achado durante a cirurgia era que a sutura estava aberta. Houve até uma publicação no Wall Street Journal relatando um aumento de 400% nas cirurgias por cranioestenoses. Na época isso causou muita preocupação aos pais cujos filhos(as) recebiam esse diagnóstico, pois temiam que poderiam estar no grupo de crianças que não tinha uma cranioestenose verdadeira. Aos poucos o conhecimento foi se sedimentando e não houve mais necessidade de cirurgia para os casos de plagiocefalia postural.

Bom, mas se esses bebês não precisam de cirurgia, então o que eles precisam? Esses bebês em geral se beneficiam de reeducação no posicionamento da criança, ou seja, mudar tudo que pode ser atrativo para a criança para outro lado não afetado, ou seja, “forçando” a querer olhar para o outro lado. Além disso, esse existe uma estratégia chamada de “tummy time” (tempo da barriguinha) que é deixar o bebê de maneira 100% supervisionada de barriga para baixo por 10-15 minutos, 2-3 vezes ao dia. Outra medida de comprovada eficácia, e usada como primeira linha de tratamento é a fisioterapia para reposicionamento craniano com alongamento da musculatura cervical, principalmente do músculo esternocleidomastóideo do lado afetado. E, por fim, o capacete.

O que o capacete faz com a cabeça do bebê? Veja o capacete faz o mesmo que o colchão fez, ele vai moldar a cabeça do bebê, mas dessa vez a cabeça será moldada para que ocorra uma correção. Então, o capacete é confeccionado personalizado para cada paciente, de uma forma que ele ofereça pontos de apoio e resistência onde o crânio cresceu e vai deixar uma “folga” onde está achatado, assim com o crescimento natural do cérebro que ocorre numa velocidade muito grande nos primeiros meses de vida o crânio retorna ao normal. Ou seja, em outras palavras o próprio cérebro do bebê que corrige a deformidade, mas para isso é necessário o auxilio do capacete para guiar o crescimento por alguns meses.

Em geral, para esse tipo de condição o bebê não precisa usar o capacete por muitos meses, vai depender um pouco da severidade da plagiocefalia postural e da idade que iniciou o uso do capacete, de uma regra geral seria assim quanto mais novo se inicia o uso do capacete mais rápida será a correção.


Dr. Marcos Devanir Silva da Costa

Professor Afiliado do Departamento de Neurologia e Neurocirurgia

Escola Paulista de Medicina - UNIFESP

Pós-Doutorado, Doutorado e Mestrado pela Escola Paulista de Medicina - UNIFESP

Membro Titular da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia

Membro Ativo da Sociedade Brasileira de Neurocirugia Pediátrica

Membro Internacional do Congress of Neurological Surgeons

Membro da International Society for Pediatric Neurosurgery



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