Aneurismas cerebrais ou intracranianos são dilatações anormais de uma artéria cerebral devido à fragilidade e menor elasticidade da parede do vaso sanguíneo. A prevalência estimada dos aneurismas na população pode chegar a 5% e são extremamente raros em crianças (apenas 2% dos aneurismas). Dentre as causas, as mais comuns são: de origem congênita, aterosclerótica ou hipertensiva, chamados aneurismas saculares, ou infecciosos denominados aneurismas micóticos, ou de origem traumática. Algumas condições podem ser associadas aos aneurismas tais como: doença policística renal, displasia fibromuscular, malformações artério-venosas, desordens do tecido conectivo como síndrome de Marfan e Ehlers-Danlos, histórico familiar de aneurismas, coarctação de aorta, aterosclerose e endocardite bacteriana. Todas essas condições devem levantar suspeita para um possível aneurisma intracraniano não diagnosticado.
A grande maioria dos aneurismas são assintomáticos e eles só provocam sintomas quando rompem, ocasionando o AVC hemorrágico, ou quando seu crescimento comprime o tecido cerebral adjacente ou nervos cranianos. O efeito de massa provocado pelo crescimento aneurismático depende de sua localização e pode provocar sintomas como hemiparesia, paralisia do nervo oculomotor com diplopia, ptose e midríase, perda visual, síndrome facial dolorosa, distúrbios endocrinológicos pela compressão da haste hipofisária ou da hipófise. Porém a forma mais prevalente de apresentação é a hemorragia subaracnoídea (HSA), podendo ser acompanhada por hemorragia cerebral em 20 a 40% dos casos, hemorragia intraventricular em até 30% e hemorragia subdural em 5% dos casos. Podem ocorrer pequenos sangramentos antecedendo a HSA (hemorragia sentinela) que causam cefaléia de baixa a moderada intensidade. Classicamente, a ruptura do aneurisma acompanha-se de aparecimento súbito de cefaléia de forte intensidade, relatada pelo paciente como a pior de sua vida com padrão diferente das demais, associado a náuseas, vômitos, visão dupla, rigidez de nuca e/ou perda da consciência. A estimativa de ruptura de um aneurisma é de 1% ao ano e, apesar de raro, a ruptura é um evento trágico com mortalidade alta. Trata-se de uma emergência médica que impõe sérios riscos a vida do doente, podendo ser fatal em até 1/3 dos casos e deixar sequelas limitantes em até metade dos pacientes que sobrevivem.
O tratamento dos aneurismas consiste em excluir o aneurisma da circulação sanguínea, evitando-se desta forma a ruptura. O tratamento dos aneurismas intracranianos é complexo, pois deve-se levar em consideração a condição clínica e idade do paciente, a anatomia, tamanho e localização do aneurisma, a experiência do neurocirugião, a técnica a ser empregada, pesando sempre os riscos e benefícios da abordagem cirúrgica. A técnica cirúrgica padrão é a clipagem do aneurisma, em que, através de uma craniotomia, o cirurgião acessa o aneurisma e introduz uma peça metálica (clip) em seu colo, excluindo-o do restante da circulação sanguínea. Em aneurismas rotos, essa técnina é preferencialmente realizada até o 3o dia de sangramento ou após o 10o dia, pois é no período intermediário que surge o vasoespasmo e edema cerebral, situações que impõem maiores riscos cirúrgicos. Em meados de 1991, surgiu uma nova alternativa de tratamento: a endovascular. A técnica endovascular envolve a introdução de um catéter dentro de uma artéria calibrosa, usualmente na região da virilha (artéria femoral) com inserção de micromolas metálicas no interior do aneurisma. Esse procedimento é denominado embolização e seu objetivo é impossibilitar a entrada de sangue dentro do aneurisma e, assim, prevenir a sua ruptura.
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